terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Por quais motivos Tarantino não deveria fazer "Kill Bill: Vol. 3"?

Em 2015, promovendo Os Oito Odiados, Quentin Tarantino revelou: “Antes que vocês perguntem sobre Kill Bill 3, já vou falar: Nunca diga nunca. Uma(Thurman) e eu falamos disso às vezes. Mas estamos a esperando a filha de Vernita Green(Vivicia A. Fox) ficar mais velha”.
Kill Bill é uma homenagem a antigos gêneros, tais como filmes asiáticos de Kung Fu, filmes japoneses de samurai, western spaghetti italiano, trash, anime e uma grande referência à música popular e cultura pop com alta violência deliberada. Tudo isso é feito de uma forma incrível em ambas as partes do clássico do Tarantino. Aqui vão alguns motivos para Quentin nem pensar em fazer uma continuação.
1 – O filme tem um arco excelente, sem necessidade de prolongá-lo.
Kill Bill tem uma história simples: uma noiva que antes era uma assassina e trabalhava para Bill. Depois de descobrir que está grávida, a noiva foge e começa uma vida normal no Texas com um homem que ela casaria em um futuro próximo. Bill fica em luto pela noiva e após seis meses descobre que ela está viva, e que está prestes a se casar. Bill e seu grupo de assassinos, invadem o casamento e matam todos os envolvidos, menos a noiva. Então ela inicia a sua jornada sangrenta por vingança.
Uma história excelente com um começo, meio e fim, sem necessidade para prolongar o que já foi acabado. Kill Bill já nos contou tudo aquilo a que se propôs.
2 – Quentin Tarantino tem capacidade suficiente para trabalhar em novos projetos.
Em Os Oito Odiados (2015), Tarantino trouxe algo que nunca tinha trabalhado tão intensamente: o mistério. O diretor tem uma capacidade infinita para realizar novos projetos e novas ideias. Como o próprio disse: “Tenho vários roteiros e enredos que trabalho desde 1992, alguns eu ainda nem pensei em converter para o cinema”. Robert Rodriguez, por sua vez, brincou: “Às vezes vou na casa dele e acho roteiros no lixo, logo penso surpreso: ‘Como ele ainda não trabalhou nisso?!’. Quentin pode muito bem pensar em novos personagens, histórias e roteiros ou trabalhar os esquecidos em sua casa.
3 – Uma Thurman e sua idade.
Em 2004, no seu trabalho em Kill Bill vol.1, Uma Thurman estava com 32 anos e ela teve que encenar várias cenas de lutas, treinar intensamente Kung Fu e dominar movimentos com espadas samurai, mas ainda assim usou dublê em algumas cenas mais perigosas. Uma está com 45 anos atualmente e hoje talvez já não poderíamos ter as cenas incríveis de ação ou as cenas que levam Beatrix Kiddo a ter um esforço maior. Kill Bill 3 pode até ser focado na filha de Vernita, mas assim perderíamos a maior personagem: A Noiva.
4 – Mais referências?
Kill Bill ficou conhecido por suas referências aos grandes filmes asiáticos antigos de variados gêneros. Tarantino novamente iria referenciar os mesmos gêneros? Teríamos um pouco mais do mesmo? Ou Quentin perderia um de seus principais focos e não faria referências? São questões pertinentes.
5 – Quentin Tarantino e sua obsessão por terminar a carreira com 10 filmes.
Quentin revelou também em uma coletiva de imprensa que pretende terminar sua carreira como diretor no seu décimo filme e o próprio disse que os dois últimos teriam que ser perfeitos para deixar os espectadores com um sentimento de “quero mais”. Ele então se dedicaria em fazer mais um filme de uma franquia já terminada? E após outra notícia que surgiu ultimamente, ele estaria trabalhando em uma continuação ou um derivado de Bastardos Inglórios. Acredito ser ainda mais difícil ele pensar em Kill Bill 3, afinal, ele iria terminar sua carreira com enredos de dois filmes que ele “já trabalhou”?
6 – Tarantino não gosta de continuações (pelo menos não em seus filmes).
Tarantino disse que todos os seus filmes fazem parte do mesmo universo. E também já deixou claro em oito longas que não é fã de continuações pois, antes de tudo, Kill Bill é considerado um filme só pelo diretor por mais que tenham sido lançados em anos diferentes. Tarantino não deve trabalhar em uma continuação pelo simples fato de não gostar e por isso, não estaria totalmente satisfeito com o projeto (lembrando que os dois últimos filmes do diretor tem que satisfazer totalmente seus prazeres).
7 – O fato da mudança de afetos pelos personagens.
Em Kill Bill, o normal é torcer intensamente por Beatrix Kiddo, altamente violentada e em busca de sua vingança. Se Kill Bill 3 acontecer, para quem iríamos torcer? A noiva, vivendo uma vida de paz com sua filha após muita luta. Ou para filha de Vernita Green, uma inocente criança que viu sua mãe assassinada com uma facada no peito por Beatrix e agora busca sua vingança? Ainda não temos o que seria a sinopse oficial, mas essa é uma grande possibilidade de enredo.
8 – Quentin afirma que sua carreira se tornou mais literária depois de Bastardos Inglórios.
Uma das maiores características de Tarantino é o roteiro muito bem trabalhado em vários longas de sua filmografia, como Cães de Aluguel, Pulp Fiction – que inclusive ganhou o Oscar de Melhor Roteiro -, Bastardos Inglórios, Jackie Brown, Os Oito Odiados e Django Livre – que também ganhou o Oscar na categoria de Melhor Roteiro. Perceba que não citei À Prova de Morte, nem Kill Bill pelo simples fato dos roteiros serem os mais fracos.
Kill Bill, assim como À Prova de Morte, são filmes muito mais visuais e dinâmicos do que literários e isso diminui a possibilidade de Kill Bill 3 ser um grande filme pelo fato da carreira de Quentin estar mais voltada a literatura – o próprio pensa em escrever peças de teatro após a aposentadoria. Afinal, se Quentin seguir a mesma fórmula de Kill Bill, teria que trabalhar mais no dinamismo e em uma direção mais objetiva, do que em um roteiro bem escrito.

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