terça-feira, 17 de janeiro de 2017

The Night Of (Primeira Temporada) - Análise

Estamos vivendo em uma época incrível para a TV. A consistência e excelência se expandem em várias emissoras com abordagens cada vez mais ousadas e inovadoras. Desde séries como Sopranos e The Wire, a produção deste tipo de eobras – devido ao grande sucesso de ambas – foi aumentando cada vez mais e são influências para qualquer diretor que almeja investimentos em produções específicas para a TV. Entre todas as emissoras, a HBO ainda se destaca com suas produções com nomes gigantescos no meio como True Detective, Vinyl, Oz, The Wire,Game Of Thrones, etc.
The Night Of ainda não está no auge da fama, não tem exatamente a melhor audiência da emissora, porém, é também uma joia da TV atual. A série estreou esse ano e teve oito episódios e rumores dizem que a segunda temporada já está confirmada com a ideia de seguir o rumo de True Detective e ser uma história diferente a cada season. O último episódio da série foi ao ar nesse domingo e agora farei uma análise de pontos importantes e explicações sobre porque a série merece um devido reconhecimento.
Cuidado! A postagem tem spoilers do começo até o desfecho da série.
Para começar, usarei algumas imagens do primeiro episódio provando que Andrea não estava segura naquela noite, que ela precisava fugir daquele lugar (e também provar que Naz não é o culpado, e nunca foi).
14053744_1164731403583610_1873721981085939131_o
Nesta cena, percebemos que Andrea entra no táxi por simples fuga, ela não tinha ideia do lugar que gostaria de ir, mas que gostaria apenas de sair de onde estava.
14114872_1164731316916952_7691577299206493718_o
Andrea demonstra um certo receio – podemos perceber pelo seu olhar – quando fala a frase “Não posso ficar sozinha.” Confirmando a ideia do medo dela em permanecer sozinha naquela noite.
14114840_1164731230250294_333738877268377865_o
A obsessiva vontade de Andrea em usar drogas, bebidas e fazer brincadeiras “perigosas”.
14124413_1164731300250287_1806589690561849385_o
A imagem que confirma que Naz não é o culpado do assassinato é esta. A posição do chapéu encostado no alce na casa de Andrea muda enquanto ambos estão dentro da casa, isto é, alguém mudou enquanto eles estavam fazendo as brincadeiras com a faca.
14124246_1164731463583604_6177449472056043457_o
Lembrando que o portão de Andrea não fecha quando ela coloca o gato para fora. Agora farei uma analogia própria sobre a situação do gato de Andrea e Naz.
14184362_1169000219823395_8571052453004756499_n
Conforme o tempo passava na série The Night Of, percebemos que o gato de Andrea era um “personagem” muito recorrente, sempre aparecia em certos momentos e muitas vezes relembrava a situação do Naz. Farei aqui uma análise de ambas situações e demonstrando a competência dos roteiristas no uso dos simbolismos.
A primeira aparição do gato é quando Naz já está na casa de Andrea, uma cena extremamente importante pois vemos que quando Andrea vai colocar o gato pra fora, o portão de sua casa não fecha – como já havia chamado a atenção anteriormente. Na primeira aparição vemos que o gato é “livre”, ele tem uma casa, mas pode muito bem sair quando quer, fazer o que quer, assim como Naz. Ambos começam em situações similares.
Avançando um pouco a frente, após o assassinato, Naz já está sob juramento e aguardando a primeira decisão do Júri na prisão. No mesmo momento Stone resolve colocar o gato no que pode ser chamado de prisão de animais, onde se ninguém adotar o animal, eles tem uma sentença de morte, ou seja, um julgamento decidindo seu futuro (relembra a situação de Naz?)
Ainda mais a frente, Stone retorna com sua decisão e resolve acolher o gato, porém, assim como Naz, o gato está preso em um quarto na casa do Stone. Stone apenas o alimenta e dá condições para o animal viver.
Chegando no último episódio, um dia antes do julgamento final de Naz, Stone retorna novamente a instituição e deixa o gato lá novamente, ou seja, o gato está na mesma posição de Naz, esperando o julgamento final. Porém, nos últimos momentos Naz é liberado, está livre novamente para fazer o que bem entender, sem precisar ficar isolado, etc. E o que Stone faz? Dessa vez realmente acolhe o gato e o deixa livre em sua casa, retornando para a mesma situação que o vimos na sua primeira aparição.
Após o final, alguns espectadores trouxeram algumas perguntas pertinentes, entre elas separei duas importantes:
Por que não mostraram o que aconteceu com Duane quando Stone o perseguiu?
Realmente, algo que ficou sem resposta no final. Stone persegue Duane durante um tempo, e quando chega em um lugar escuro, parece estar encurralado, esperando para que algo aconteça, e o episódio acaba, deixando claro que haveria a continuação no próximo episódio. Mas não, eles simplesmente esqueceram isso e mostraram o Duane aparentemente preso no testemunho durante o julgamento de Naz.
Por que não mostraram a cena do crime e como ela realmente aconteceu?
Algo que irritou boa parte dos espectadores foi a omissão da cena do crime. Não conseguimos ter a absoluta certeza do assassino, apesar do consultor financeiro ser o maior suspeito. Porém, isso é algo ruim? Não. Mostrar a cena do crime não faria sentido algum. Podemos provar que não teria harmonia com a série pois mostraram 3 segundos do Box indo atrás do consultor financeiro, e nada mais. O foco era simplesmente demonstrar um julgamento, como ele pode influenciar a vida das pessoas e como elas lidam com tudo aquilo. Lembrando que a série inteira demonstra o ponto de vista dos personagens principais, não seria sensato mostrar a cena do crime pois o próprio consultor não é um dos principais.
Enfim, o desfecho da série pode não ter te agradado, mas reconheça a grandeza e a maestria dos produtores em realizar uma série tão imersiva, com simbolismos, metáforas, críticas sociais e com uma extrema semelhança à realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário