terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O Homem nas Trevas (2016) - Crítica

O ano de 2016, por mais incrível que pareça, nos proporcionou alguns excelentes longas do gênero terror/suspense. Nos últimos anos, as produções do gênero estavam precárias e sem tanto comprometimento por parte de diretores e roteiristas – descartando algumas exceções, entre elas: A Morte do DemônioAtividade ParanormalInvocação do Mal, dentre outros). No presente ano tivemos grandes surpresas como A BruxaInvocação do Mal 2 e Quando as Luzes Se Apagam.
Com produção de Sam Raimi e direção de Fede Alvarez (o primeiro conhecido pela franquia Evil Dead, e Alvarez conhecido pelo remake de A Morte do Demônio – que também teve produção de Raimi), O Homem nas Trevas é mais uma produção excelente da dupla.
A trama envolve três adolescentes que invadem e assaltam casas e, aparentemente, fazem isso há um certo tempo. Um contato do trio informa que um ex-militar idoso e cego mora sozinho em uma casa e que o mesmo obtém uma quantia alta de dinheiro e a partir desta premissa o longa se desenvolve.
Em boa parte dos filmes de terror os personagens protagonistas são rasos, não tem tanta profundidade e isso afeta o próprio desenvolvimento do longa, contudo não é o caso de O Homem nas Trevas. A direção de Alvarez é ousada, ambiciosa e consegue nos manipular até mesmo na empatia que sentimos pelos personagens – mérito também do roteiro assinado pelo diretor e por Sayagues.
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Em uma das primeiras cenas do longa já é possível perceber as três personalidades dos protagonistas: temos Rocky (Jane Levy) que demonstra não se importar muito com suas ações e deixa claro que o que faz é apenas para conseguir se mudar dali, ir para outro lugar; Alex (Dylan Minette), que mostra ter uma consciência ética apesar de estar cometendo tais atos e é o mais emotivo da turma; e, por fim, Money (Daniel Zovatto) que transmite a falta de empatia e de consciência em suas ações, de certa forma até gostando do que faz. É possível perceber as três personalidades e suas diferenças em uma cena de apenas cinco minutos dentro de um carro.
O design de som junto à trilha sonora são praticamente personagens a mais em um filme onde o silêncio é predominante e qualquer tipo de som usado na trama tem que se destacar com extrema eficiência. É até difícil não se colocar na posição dos protagonistas com um ambiente tão bem trabalhado por Alvarez e sua equipe. Destaque para várias cenas apertadas que deixaria qualquer claustrofóbico ofegante.
As atuações do filme são um show a parte: todos, sem exceção, estão muito bem em seus papéis. Destaque óbvio para Stephen Lang que estava sem um papel de peso ultimamente e interpretar qualquer personagem cego é algo extremamente difícil para qualquer ator que possua a visão perfeita. No caso de Lang, ele demonstra todas as nuances necessárias para o personagem e exibe uma excelente versatilidade. Não ficaria surpreso se o ator fosse indicado aos prêmios da Academia no fim do ano.
O Homem nas Trevas em sua proposta é ótimo e consegue transmitir a sensação do terror e medo que os próprios personagens estão sentindo sob a ameaça de um vilão cruel e que não enrola ou faz discursos gigantescos antes de matar, apenas agindo friamente. Fede Alvarez, por sua vez, prova novamente ser um dos grandes diretores da atualidade no quesito suspense/terror.
Nota do Crítico: 4/5
Stephen Lang stars in Screen Gems' horror-thriller DON'T BREATHE.

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